- Me dá um cigarro!
- Oi?
- Me dá um cigarro, por favor!
- Você não fuma!
- Perdão? Quem disse? Fumo e muito!!! Quase 1 maço e meio por dia e em noites de festa chego a 2, imagine.
- Você está tremendo... Abstinência?
- Está certo. Eu tô tentando parar. Mas o lance é a bebida, toda vez que eu bebo eu ..OPA.. Na terapia não me deixam empregar o verbo fumar na primeira pessoa. Quase que eu falo e voltaria duas fases do tratamento.Desculpe, eu estou nervosa. Qual o seu nome?
- Bom, meu cigarro é FREE se é o que te interessa!
- Prazer.
- Prazer.
E ficaram ali, quietos, por um tempo, ao som da moldura.
- Você já leu Violetas na janela?
- Como?
- Nossa, como cigarro me faz bem. Violetas, a peça. Já viu?
- Não, nunca li.
- Eu também, nunca vi. Só consigo me lembrar da imagem da Ana Rosa na peça fazendo a... Dona Violeta? Dei uns seis tragos e me sinto outra pessoa, sério.
- Uma pessoa melhor? Que bom. A Ana Rosa é quem?
Silêncio.
- Se eu volto duas casas cada vez que falo "eu fumo", quantas volto por estar aqui "fumando" , no gerúndio? Nunca gostei de terapia.
- Eu sou terapeuta.
Silêncio.
- Você é muito simpático apesar de tudo.
- Apesar de?
- Fumar FREE, ser terapeuta e não conhecer a Ana Rosa.
- Muito... obrigado.
- Fiquei pensando que se existe vida, existe todo o resto, pra frente e depois. Da morte, compreende? Como na peça. Então, senhor FREE, temos muita história compreendida nesses minutos compartilhados. O cigarro acabou.
O telefone tocou. Foi-se, não antes de apagar seu Marlboro Light no cinzeiro do consultório.
11 comentários:
Primeira! mt legal Dan, econômico, inteligente e engraçado. Me lembro Caio (referência eterna de todos nós).Beijinho
Oi Dani!!já não passava por aqui desde o primeiro post... adorei seus textos!!
bjs
Amigo, amei. Divertido. Bom pra ser encenado. beijos, te amo
Também voltei aqui pra reler seu texto e nossa! Já é meu prefereido ( dentro de uma lista de o quê... 3 ou 4? hehehehehe)
Gosto muito dos diálogos. Curtos e profundos. Roubando as palavras da Ana, econômico e inteligente. Você resume muito bem as coisas ( Ana Aschar?!)Vejo isso pq eu escrevo sobre os detalhes, e vc sobre o todo, lindamente, poeticamente. Não podemos parar de fumar nunca!Cigarro é sempre motivo de inspiração para nós!
esse texto tá meio... ahahaha, Jabor? pela inteligência e comicidade. Acho que é hora de parar de escrever...
beijos
Bom mesmo! Como a Mila disse é bom pra ser encenado! Beijo!
Estou estreando aqui no seu blog. Verdadeiro exercício de dramaturgia para vcs q estão iniciando um novo processo. sucesso. beijos
Dan, eu já te disse que alguns textos me tiram a palavra. eu não sei o que dizer. como dizer alguma coisa que a gente não sabe? eu vou dizer que eu amo você no inverno. eu vou te dizer que eu senti solidão lendo teu texto. um diálogo solitário. eu vou te dizer que eu andei me sentindo exposto. e vou te dizer que eu não sou fácil não. eu sou simples. um beijo
Danilo, me desculpe o abuso, mas entrei por acaso aqui e realmente gostei dos seus textos. Procuro jovens para um reality show de novos escritores, e vc parece ter um grande futuro.
Até breve
meu e-mail pra contatos:
joaotoledo@cacatalentos.com.br
Mt bom, Dan! Engraçado, sucinto, simples e direto. S/ rodeios...
Eu estudei com a filha da ana rosa no colégio! huahua
Olá Danilo!
Adorei o text, excelente! Show d bola seu flog.
Vamos ver se a gente mantém contato daqui pra frente, mta doida e interessante essa história de rever alguém que se fez presente em uma fase tão "inicial" de minha vida, a Infância. Não me lembro de mta coisa. Lembro-me dos churros entupidos com doce de leite, como eu gostava daquilo, não era a toa q eu era mto gordinho! Sei q pássavamos o dia fazendo "sei lá o q", coisas bobas, infantis e que me faziam mto feliz! É ótimo ter essa lembrança. Espero te "re-conhecer", afinal hj somos outros, estranhos um pro outro!
Um gd Ab, mta sorte!
Seu amigo da Infância
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